Conheça o Dodge Charger
 
Charger R/T 1974

O primeiro Charger foi apresentado oficialmente ao público em 1970, no salão do automóvel. Já como modelo 71, ele diferia dos demais modelos da linha pelo estilo agressivo e pela gama de opcionais oferecida, fazendo dele o esportivo mais cobiçado do país. Foram apresentadas duas versões do modelo: Charger (posteriormente denominado Charger LS) e o Charger R/T. O primeiro modelo era uma versão de luxo com um toque de esportividade. Oferecia de série: câmbio três marchas, direção hidráulica, podendo chegar a ter todos opcionais do R/T. O modelo R/T (road and track) oferecia o pacote completo, câmbio de 4 marchas, direção hidráulica, freio a disco, contagiros, rodas e acabamentos esportivos, e o mais forte motor fabricado no país: O 318-V8 com 215 cavalos. Este ganho de potência no R/T se dava graças ao aumento da taxa de compressão, de 7;5:1 (LS, Dart) para 8;4:1. Assim, havia um ganho nas acelerações e na velocidade final, que beirava os 200 km/h.

Em 72 a Chrysler consolidava sua presença no mercado de esportivos de série, e para se manter na frente, atualizou a sua linha: o Charger ganhou travas no capô, novo painel, novas lanternas traseiras, faixas cobrindo toda lateral e nova pintura na grade dianteira. Segundo a revista 4 Rodas: "não havia outro carro de série capaz de superá-lo em rodovias, ele era o carro mais rápido do Brasil". Havia euforia com o desempenho do carro, e logo todos perguntaram ao presidente da Chrysler se ele tinha planos para colocar o R/T nas pistas. Isto nunca aconteceu oficialmente, mas mesmo sem patrocínio da fábrica, alguns poucos proprietários e pilotos participaram de corridas com seus Dodge. Apesar de toda euforia por sua velocidade, toda a linha Dodge era criticada por ter um acabamento irregular, um problema crônico, solucionado parcialmente anos depois.
      Contente com as vendas, a Chrysler modificou o R/T novamente. Em 73 ele teria a maior atualização feita até então: sua frente agora era envolvida por uma moldura fazendo parte da própria carroceria, ganhava-se novo capô (semelhante ao Dart GTS norte-americano), novo acabamento interno indo dos bancos e painel ao forro de portas. Lanternas traseiras foram redesenhadas, com novo friso sob a tampa do porta-malas, e ainda, novas faixas laterais. Isso tudo o diferenciava bastante dos modelos anteriores, ele ficara mais atualizado do que nunca. Suas vendas alavancaram ainda mais, e logo as demais montadoras se sentiriam ameaçadas pelos Charger LS e R/T. A Ford preparava o Maverick GT apressadamente, e a GM estudava novas formas de veneno para o Opala SS 4.100. A Chrysler abusava nos comentários publicitários do modelo, chegando a dizer que "carro esporte com menos de 200 hp é brincadeira", tudo, é claro, para deixá-lo no patamar mais alto de sua categoria. Nas ruas ele já era um sucesso, seu elevado preço e o uso necessário da gasolina azul conferia status imediato ao seu proprietário.
       Para 74 ele se transformava num dos carros mais atuais do país. Oferecia novas faixas laterais, novas rodas esportivas, novas cores e a inédita, até então, transmissão automática com alavanca no assoalho. Outras novidades na parte mecânica também eram oferecidas. Surgia a ignição eletrônica, que deixava o carro regulado por mais tempo, oferecendo também melhor desempenho. Mudava-se também o motor de arranque nos modelos de cambio mecânico, que finalmente deixava de fazer o barulho de reduzido (considerado irritante para muitos). Comparativos eram feitos entre o Charger R/T e o recém lançado Maverick GT. Os números se assimilavam sempre, com pequena vantagem do Charger nas provas de acelerações. Os dois revezavam ano após ano o título do "carro mais rápido do Brasil". Apesar de toda essa euforia, acontecia a primeira crise do petróleo. Com a gasolina aumentando de preço, as montadoras logo sentiram-se ameaçadas. O Charger teve suas vendas estabilizadas, chegando a decair no final do ano. Ainda assim não faltavam comentários sobre ele.
 
 
Charger R/T 1971
 
Charger R/T 1972
 
Charger R/T 1973
 
Charger R/T 1974
 
 
 Em 75 o modelo se sofisticou novamente. Suas faixas laterais foram redesenhadas, ganhava-se novas lanternas traseiras, frisos do porta-malas e um painel de instrumentos totalmente novo. Emerson Fittipaldi chegou a ser convidado, pela revista 4 Rodas, para testar o modelo no circuito de Interlagos. Logo se impressionou, elogiando a mecânica, desempenho e suas linhas. Segundo ele "O Charger R/T se comparava aos modelos norte-americanos da mesma categoria". No fim do teste, Emerson chegou a dizer que se morasse no Brasil não teria dúvidas e compraria um. A publicidade da Chrysler continuava a se impor diante dos concorrentes, chegaram a dizer que o Charger era o "único carro esporte nacional que olha de frente para os importados". Cansada de levar desvantagem nos testes e ruas, a GM lança uma novidade : o motor 250-S, que fazia transparecer um rival pouco temido até então: o Opala SS. A partir daí, o Brasil passava a contar com três fortes concorrentes no mercado de esportivos, com desempenhos cada vez mais próximos. Neste novo cenário, os futuros proprietários acabavam optando pelo Maverick GT ou Opala SS pois eram até 25% mais baratos e quase mesmo desempenho. Mas tudo isso não amedrontava a Chrysler, nem mesmo a dificuldade de encontrar gasolina azul nos postos. Ela continuava a oferecer sua gama de opcionais luxuosos ao modelo R/T e a mesma motorização. Neste mesmo ano, 1976, ela ainda mudara seu interior, com novos bancos totalmente redesenhados, nova faixa lateral e novo painel traseiro, mantendo o Dodge ainda mais atual e atraente ao consumidor.
      Para 77 a Chrysler oferecia uma novidade: sua taxa de compressão foi reduzida (de 8:4;1 para 7:5;1), ficando igual aos demais modelos Dart. Porém, sua descarga dupla gerava 205 cavalos, e o uso da gasolina azul passava a ser opção do proprietário. Novas mudanças estéticas consideráveis aconteceriam no próximo ano: o modelo 78 perdeu seu famoso capô (com falsas entradas de ar), teve seu teto de vinil "reduzido", denominado "las vegas", e novas faixas laterais mais chamativas. Tudo isso dava um ar mais luxuoso e comportado ao modelo. Na mecânica, alterações apenas na recalibragem do carburador, visando obter mais economia. Seu desempenho ainda era a grande atração, justificando plenamente a sigla Road and Track "estrada e pista".
      Apesar de tudo isso, a linha 79 - saiba mais - sofrera mudanças radicais, talvez a mais profunda mudança ocorrida até então. O modelo R/T fora totalmente reestilizado, ganhando nova frente, nova traseira (similar ao Magnum) e pintura em dois tons. No lugar da esportividade, ganhava mais luxo. Passava a ser oferecido pneus radiais de série e novas rodas, deixando o caro mais seguro. Novos bancos e acabamentos internos diferenciavam-no bastante do modelo anterior. Mesmo assim o Charger R/T começava a perder sua autenticidade: até mesmo seu contagiros havia sido retirado do painel. No mesmo ano surgia também o Dodge Magnum e Lebaron, estes agora os mais luxuosos e caros modelos da linha.
     Em 1980 a razão social da fábrica mudava, a Volkswagen obtera o restante das ações das mãos de terceiros. A linha quase não sofrera atualizações, exceto pelo Charger, que se tornava cada vez mais sóbrio. A falta de interesse da nova montadora foi logo refletida nele, que acabou perdendo sua pintura em dois tons e sua persiana lateral. Os consumidores tinham receio em comprar os novos modelos, a gasolina passava a ser um fator considerável e os rumores em torno do fim da linha Dodge eram constantes. Resultado disso, foi uma venda mínima de Charger nesse ano. O fim parecia próximo, as siglas R/T se despediam do público. O próximo ano marcaria o fim da Linha Dart e Polara no Brasil. Apenas seus motores V-8 continuariam a ser produzidos para equipar os caminhões Volkswagem.

      Anos se passaram após o Charger R/T ter saído de linha, e ainda assim este modelo continua sendo uma lenda entre os aficcionados brasileiros. O Charger, sem dúvida marcou época entre os carros esportivos nacionais, chegando a ser considerado por muitos um carro inigualável. Seu estilo agressivo e sua enorme robustez fez dele um dos mais desejados automóveis de série fabricado no país.
Texto: Ivan Resende - Dodge News
 
 
Charger R/T 1975
 
Charger R/T 1976
 
Charger R/T 1978
 
Charger R/T 1979
 
 
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